segunda-feira, 27 de julho de 2009

Para Matheus.

O mundo girava e eu, sempre tão atenta a mim mesma, apenas observava o meu mundo que permanecia ali, intacto, parado pra você.
Quase que hipnotizada, eu andava. Meus olhos sempre para você. Meus sentidos sempre em você. Era incrível como eu me sentia completa e como minha exatidão dependia tanto de ti.
Mas essa depêndencia não me era incômoda. Por você, eu tinha começado a não me importar com certas coisas. Nem o fato de te ter tão longe importava, porquê a todo momento eu te sentia tão perto. Fiz do meu coração, teu abrigo. De um simples sorriso seu, minha paz.
Mas você se foi, amor. Você foi embora, pra longe de mim. Só agora eu acordei e vi que sim, o mundo gira. Agora eu vejo a diferença.
Você tão diferente do poeta que me tocava. Eu, tão incompleta. Nós dois, tão descompassados.
Dizer que não te amo mais seria preciptar acontecimentos e subestimar a vida. Vida esta que você já foi tão presente e, por livre e espontânea vontade, saiu batendo a porta, sem ao menos dizer adeus.
Só que eu fiquei aqui, querido. Nessas paredes ficaram nossas histórias. Nessas portas, o som da batida anunciando que talvez tenha tudo se acabado, mas nada concreto, apenas um "talvez". Por essas janelas entram os ventos que te levaram e, quem sabe, te tratão de volta. E, dentro de mim, ficou essa alma inquieta aguardando qualquer sinal de mudança.
E eu permaneci a te esperar, até perceber que nada mudaria. Eu estava solta no vazio da espera, e teria que recomeçar tudo.
Atribuir novos significados ao que já me era conhecido. Colorir o que estava obscuro e abrir os olhos ao que eu, tão cega, já não enxergava mais.
No silêncio, redescobri a paz. Na amizade, meu refúgio. No lágrima, renovação. Em ti, passado.
Recomeçar dói, mas é preciso sangrar às vezes.



quarta-feira, 22 de julho de 2009

Venha, antes que seja tarde. Eu ainda não coloquei um ponto final nesse capítulo da minha vida e ainda existem muitas folhas em branco a serem preenchidas.
Sinceramente, queria preenchê-las com coisas bonitas sobre nós dois e, se não for assim, que não seja. Coloco meu ponto final e vou direto ao próximo capítulo. Talvez eu olhe pra trás, talvez eu releia folha por folha e, com certeza, queira consertar alguns erros. Mas agora isso é impossível. Finalizei esse capítulo e para corrigi-los só no próximo.
Não ter a certeza de que seu nome estará presente nessas linhas que a partir de hoje transcreverei e não saber que essa folha em branco vai guardar um pouco de você, me angustia.
Mas tudo bem, não vou perder o traquejo. Vou continuar escrevendo e continuar no meu compasso. Eu tenho uma vida, eu tenho um sonho e uma vontade de viver sufocante.
Apesar de tudo, existem folhas a serem escritas e sempre um novo capítulo. Com você, ou sem você, a vida continua. Com caminhos tortuosos, idas e vindas, chuvas e tempestades, mas continua.
Não vou lamentar o que se perdeu, porque no fundo nada se perdeu: tudo ficou pra trás. É como ver um album de fotografias antigo. Você sente saudade, vontade de reviver, se sente anestesiado, mas nada pode ir além disso.
Incrível como o tempo passa e como somos tão diferentes no olhar. Mas tá tudo certo. Eu vou mudar, você também. Fiquemos na esperança de viver outro capítulo, um diferente e, quem sabe, melhor. Mas agora a chuva está caindo lá fora e já é hora de dormir. Só queria dizer "Tchau!", antes de encerrar as minhas ultimas considerações sobre tudo isso, porquê agora eu retomo meu lugar na cena. Viro protagonista do espetáculo que é a minha vida e você retoma seu lugar de coadjuvante.
Sabe, assim como no teatro, a vida tem dessas: um dia você é espectador, n'outro dia é protagonista.
Sinto muito, mas acho que agora é hora de você me ver brilhar sozinha.

terça-feira, 21 de julho de 2009

No final, todo mundo sabia que ia acabar assim. Eu sabia, você sabia. Com todos os riscos, tentamos. Não deu certo, enfrenta.
A vida é isso mesmo. Alegria repentina, desgosto inesperado. Um filme exato, mas nem sempre um final feliz. Vontade de ir embora, vontade de ficar. Se fazer notar, mas na maioria das vezes querer sumir. Caminhar triste, olhar pra frente. Estrada desconhecida, saudade de por onde se andou.
A vida é isso: O tempo passa. Os laços se rompem, fica só o postal. Uma assinatura meio rabiscada, uma frase "Sinto sua falta". A melancolia. O gosto. As fotos.

No fim, a falta.

sábado, 4 de julho de 2009

Preciso de alguém, que não sei ao certo quem.
Preciso de uma mão estendida para que eu não me afogue nessa correnteza que tem me puxado e eu, já sem forças, me deixo ser levada.
Preciso de uma razão e mais leveza de vida. Mais cor, mais ritmo, mais forma.
Acumulam-se os dias e eu desaprendi a canção. Seria lindo aprendê-la de novo. Seria lindo virar o jogo. Mas as coisas lindas não acontecem com muita frequência.
Uma vez eu quis ser a paz de alguém. Mas fui desencontro. Remexi o que estava quieto e agora me sinto revirada.
Mas um dia a gente se reconstrói, amigo. Um dia a gente aprende a aceitar o que nos foi dado. Um dia a gente para de ter tanta sede de vida e aprende a degustá-la, como tem que ser.
Aprende a não parar, não fraquejar, não temer, enfrentar.
O mundo não pára por nós. Ninguém pára.

"Quando você não tem amor, você ainda tem as estradas."

É isso.